EX-MINISTRO DA SAÚDE: Pazuello se irrita no depoimento e provoca bate-boca na CPI da Covid-19

Foto: REUTERS/Adriano Machado
 

O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, se irritou com os questionamentos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID no Senado Federal. Ele provocou uma discussão entre senadores após criticar o relator Renan Calheiros (MDB-AL), que questionou o processo de negociação das vacinas com a Pfizer.

Eduardo Pazuello disse à CPI que respondeu todas as tratativas de vacina com a empresa farmacêutica. Depoimentos anteriores na comissão, como o próprio Carlos Murillo, ex-presidente da Pfizer no Brasil e atual presidente regional da empresa na América Latina, certificaram que não houve respostas às propostas da Pfizer até dezembro de 2020. 

“Por que vossa excelência não tomou o comando e o protagonismo dessa negociação com a Pfizer?”, questionou o relator Renan Calheiros. “Pela simples razão de que eu sou o dirigente máximo, sou o decisor. Não posso negociar com a empresa. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo e não o ministro. Um ministro jamais deve receber uma empresa, o senhor deveria saber disso”, respondeu Pazuello, causando um descontentamento do relator e do presidente da CPI.

Pazuello continua: “Um ministro não pode receber empresas, não pode fazer negociação com empresa. Eu recebo o presidente da Pfizer socialmente junto com a administração. Mas a negociação é feita no nível da equipe de negociação”, afirmou. “Quem decidiu por não responder às propostas da Pfizer?”, insistiu o Calheiros.

O ex-ministro criticou o relator: “Eu acho que o senhor precisa compreender a pergunta que o senhor fez. Todo mundo tá compreendendo que eu não respondi, foram respondidas dezenas de vezes. O senhor me desculpe, mas acho que está conduzindo a conversa”, atacou.

Senadores governistas integrantes da comissão concordaram com o depoente e criticaram o relator. No entanto, o presidente saiu em defesa de Renan Calheiros: “Você pode questionar o relator, mas a pessoa que está sentada aqui não tem esse direito”, ressaltou Omar Aziz.

O senador Marcos Rogério (DEM-RO) entrou na discussão para defender Pazuello. “O relator tenta induzir, ele perguntou várias vezes a mesma coisa de forma diferente para tentar induzir o depoente a produzir uma resposta, que é a que ele quer. Ele não tem o direito de fazer isso”, afirmou. 

A discussão se alastrou para outros senadores até que Renan Calheiros deu prosseguimento com as perguntas ao ex-ministro.
 
Sucessor de Teich e antecessor de Queiroga no Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello seria ouvido em 5 de maio, seguindo a linha do tempo do comando da pasta, mas alegou que estava em isolamento após contato com pessoas com suspeitas de COVID-19.

A CPI da COVID, instalada no Senado em 27 de abril deste ano, apura possíveis ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia do coronavírus e repasses de verbas a estados e municípios. Os depoimentos tiveram início em 4 de maio, com Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde.

FONTE: ESTADO DE MINAS

REEDIÇÃO: ALOYSIO SANTOS

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