Ministério da Defesa antecipa troca no comando de Exército e Marinha
Julio Cesar de Arruda deve assumir posto no dia 29; Marcos Sampaio Olsen pode ser oficializado no comando da Marinha em cerimônia nesta quarta ou quinta-feira
O general Julio Cesar de Arruda, indicado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, assumirá o comando do Exército na próxima sexta-feira, dois dias antes da posse presidencial. Na Marinha, o almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen deve assumir o comando na quarta-feira (28) ou quinta-feira (29). Somente na Aeronáutica, a posse do tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno deve ser oficializada no dia 2 de janeiro. As informações são do Estadão e da Folha de S.Paulo.
A definição da data coincide com o aumento da pressão de autoridades responsáveis pela segurança pública para acabar com a aglomeração de bolsonaristas no entorno do Quartel-General do Exército, em BrasÃlia. De acordo com o publicado pelo Estadão, a expectativa no entorno de Lula é que, com a troca no comando, mude o tratamento dado aos manifestantes extremistas, já que o acampamento, em área militar, passou a ser classificado por futuros ministros já indicados como “incubadora” de terroristas e de atos violentos.
A data da passagem dos comandos militares já foi combinada internamente entre os futuros comandantes e os atuais, nomeado por Jair Bolsonaro. O futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, também está ciente da data.
Os três comandantes haviam sinalizado a intenção de deixar o cargo antecipadamente, em dezembro, mas foram demovidos de sair antecipadamente à revelia do gabinete de transição. O brigadeiro Baptista Junior, comandante da Força Aérea, já convidava para a cerimônia em 23 de dezembro, mas por intervenção de Múcio adiou para 2 de janeiro. O atual ministro da Defesa, Paulo Sérgio de Oliveira, marcou a cerimônia de despedida do cargo para o dia 29 de dezembro.
Texto: GZH Foto: Alan Santos/PR
PolÃcia investiga se há conexão entre bombas encontradas em BrasÃlia
Além da prisão de George Washington de Oliveira Souza, PCDF procura um segundo homem suspeito de envolvimento na tentativa de atentado, Alan Diego RodriguesPM no Gama, onde foi encontrada mais material explosivo(foto: Divulgação/PMDF)A PolÃcia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga se existe conexão entre a bomba plantada próxima ao Aeroporto Internacional de BrasÃlia, no sábado, e o artefato explosivo encontrado na DF-290 do Gama, no domingo. Os dois casos acendem o alerta para a cerimônia de posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro, na Esplanada dos Ministérios.
O material explosivo estava em uma área de mata da Gama e pesava cerca de 40kg. Foi detonado pelas equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Também havia no local dois coletes à prova de bala. O caso é investigado pela Delegacia de Repressão à Corrupção da PolÃcia Civil (Decor/PCDF).
Todo o processo de identificação, contenção e destruição da bomba levou mais de sete horas. Ainda não se sabe quem colocou o material naquela área. Os coletes foram apreendidos e levados à 20ª Delegacia de PolÃcia (Gama) para o registro da ocorrência.
O caso se junta ao de sábado, em que uma bomba foi encontrada no eixo de um caminhão-tanque, abastecido com 63 mil litros de querosene de aviação, na Estrada Parque Aeroporto (Epar), em frente à Concessionária V1. No entanto, o plano inicial era explodi-la na subestação de Taguatinga. O suspeito da tentativa de atentado é o empresário George Washington de Oliveira Sousa, 54 anos, que está detido no PresÃdio da Papuda.
A PCDF está à procura, agora, de um segundo homem suspeito de envolvimento na tentativa de atentado. Alan Diego Rodrigues, 32, foi mencionado, em depoimento, por George Washington. Segundo a confissão, Rodrigues levou o material ao local.
Alan Diego é natural de Comodoro (MT) e trabalha como eletricista. Desde o final de novembro, compartilha, nas redes sociais, os movimentos das pessoas acampadas em frente ao Quartel-General do Exército (QG). Em uma das publicações, ele filma as palavras de ordem do indÃgena José Acácio Serere Xavante, conhecido como cacique Tsereré, preso no último dia 12 por atos antidemocráticos.O artefato próximo ao aeroporto seria explodido por meio de um dispositivo remoto. A perÃcia da PCDF identificou que houve tentativa de detonar a bomba. "Graças a Deus, conseguimos interceptar. Não conseguiram explodir, mas a perÃcia nos relata que eles tentaram", frisou o diretor-geral da corporação, Robson Cândido. Peritos avaliam que a quantidade de explosivos seria capaz de romper o compartimento do tanque, mas ainda não há confirmações concretas.
George Washington foi preso no apartamento que aluga no Sudoeste. No local, os investigadores da 10ª Delegacia de PolÃcia (Lago Sul) encontraram um arsenal. O material foi trazido pelo empresário do Pará, onde mora. "Ele estava em uma caminhonete e trouxe os armamentos por lá. Mas as emulsões explosivas foram encaminhadas para ele posteriormente. Será investigado quem enviou, mas, de antemão, são oriundas de pedreiras e garimpos do Pará. Vamos investigar essa conexão", ressaltou Cândido.
"Engenharia criminosa"
O bolsonarista cuida da rede de postos Cavalo de Aço, no interior do Pará. O empreendimento, situado na cidade de Xinguara, tem como sócias duas mulheres e capital social de R$ 200 mil. Na audiência de custódia, no domingo, ele afirmou que trabalha como o gerente dos quatro postos. "Recebo de R$ 4 a R$ 5 mil", contou ao juiz.O salário, porém, não condiz com os custos da compra do armamentos, de mais de
R$ 170 mil — um fuzil, duas espingardas, cinco bananas de dinamite, revólveres, pistolas e mais de mil munições. O empresário conseguiu o registro de caçador, atirador e colecionador (CAC) em outubro.
O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT), que representou pela prisão preventiva, considerou que o acusado se inseriu em uma "engenharia criminosa", encomendando e recebendo artefatos explosivos no Quartel-General do Exército (QG).
Texto: Ândrea Malcher - Correio Braziliense
O silêncio de Bolsonaro sobre a bomba e os lobos solitários no DF
O silêncio do presidente sobre o plano terrorista desarticulado no fim de semana contribui para que os radicais sigam motivadosO presidente não controla a vontade de radicais que atuam em seu nome, mas tem o dever, como lÃder da nação -- por mais esta última semana --, de condenar ação e desencorajar novos movimentos da mesma natureza Evaristo Sa/AFP
No sábado de Natal, um homem foi preso em BrasÃlia acusado de articular um ataque terrorista nas proximidades do Aeroporto Internacional de BrasÃlia. Washington Sousa, 54 anos, disse aos policiais que iria explodir um caminhão-tanque de querosene de aviação em nome de uma tentativa de golpe para manter Jair Bolsonaro no poder.
O presidente não controla a vontade de radicais que atuam em seu nome, mas tem o dever, como lÃder da nação — por mais esta última semana –, de condenar ação e desencorajar novos movimentos da mesma natureza. O que fez Bolsonaro depois do grave ocorrido? Guardou silêncio no exÃlio do Palácio da Alvorada.
O apoiador do presidente ainda guardava em BrasÃlia armas e munições que seriam usadas na tentativa de espalhar o caos e inviabilizar a posse de Lula. A inteligência do Governo do Distrito Federal, que desarticulou o atentado e já registrou outras ocorrências com explosivos nos últimos dias, trata com máxima seriedade a possibilidade de ação de lobos solitários nesta semana.
Bolsonaro, em silêncio, contribui para que os radicais sigam motivados. Poderia mandar apoiadores para casa e deixar o poder com dignidade, mas prefere ver o circo pegar fogo, ainda que esteja perigosamente próximo das chamas.
No sábado de Natal, um homem foi preso em BrasÃlia acusado de articular um ataque terrorista nas proximidades do Aeroporto Internacional de BrasÃlia. Washington Sousa, 54 anos, disse aos policiais que iria explodir um caminhão-tanque de querosene de aviação em nome de uma tentativa de golpe para manter Jair Bolsonaro no poder.
O presidente não controla a vontade de radicais que atuam em seu nome, mas tem o dever, como lÃder da nação — por mais esta última semana –, de condenar ação e desencorajar novos movimentos da mesma natureza. O que fez Bolsonaro depois do grave ocorrido? Guardou silêncio no exÃlio do Palácio da Alvorada.
O apoiador do presidente ainda guardava em BrasÃlia armas e munições que seriam usadas na tentativa de espalhar o caos e inviabilizar a posse de Lula. A inteligência do Governo do Distrito Federal, que desarticulou o atentado e já registrou outras ocorrências com explosivos nos últimos dias, trata com máxima seriedade a possibilidade de ação de lobos solitários nesta semana.
Bolsonaro, em silêncio, contribui para que os radicais sigam motivados. Poderia mandar apoiadores para casa e deixar o poder com dignidade, mas prefere ver o circo pegar fogo, ainda que esteja perigosamente próximo das chamas.
Texto: Robson Bonin/VEJA