Tragédia grega de Sófocles, a peça Antígona chega aos palcos alagoanos numa adaptação do Centro de Pesquisas Cênicas (CEPEC). O espetáculo será encenado no dia 06 de julho, em duas sessões, às 17h e às 19h30, no Teatro de Arena, localizado no Complexo Cultural Teatro Deodoro, no Centro de Maceió, e faz parte da conclusão da turma nível Intermediário I da escola de teatro que vem formando grandes atores no estado.
Baseada na obra do dramaturgo grego, escrita por volta do ano 442 A.C, Antígona é a continuação dramática de Édipo Rei. Depois da tragédia ocorrida na primeira peça, a desgraça parece ter sido o legado deixado por Édipo aos seus quatro filhos (Etéocles, Polinice, Antígona e Ismênia). Com sua partida para o exílio, os filhos lutaram pelo poder e chegaram a um acordo de revezamento no comando a cada ano. No entanto, Etéocles, que foi o primeiro a governar, ao fim do mandato, não quis ceder o lugar do poder ao irmão Polinice, que revoltado foi para a cidade vizinha e rival da grande Tebas.
A história traz uma mulher como protagonista, que segue tradições religiosas e, ao mesmo tempo, enfrenta o poder tirano do Estado. Tudo isso movida pelo amor ao seu irmão. “Essa tragédia grega atravessa não apenas os séculos, mas nos atravessa, porque toca em questões profundamente humanas. Antígona, filha de Édipo, é uma mulher que enfrenta o poder recém estabelecido para honrar aquilo que ela considera sagrado — o direito de enterrar seu irmão. A obra trata sobre coragem, resistência e os limites do poder. Compreendemos que a peça é uma denúncia mais do que atual sobre autoritarismo, injustiça e a força da voz feminina”, diz o diretor do espetáculo, André Sousa.
De acordo com o diretor, a escolha do texto foi baseada nas reflexões que devem ser feitas diante do tempo vividos atualmente, principalmente no Brasil. “É necessário refletir sobre o papel do indivíduo diante de um sistema que muitas vezes silencia, reprime e violenta. Essa obra de Sófocles nos provoca e nos obriga a pensar: até onde eu iria para defender o que acredito? E, sobretudo, nos permite dar voz — uma voz forte, feminina e insurgente”, acrescentou.
Os alunos que integram o espetáculo fazem parte da turma Intermediário I. Entre eles, David Vital que viverá Crente. “É um personagem profundamente humano — contraditório, trágico e cheio de camadas. Ele não é um vilão clássico como conhecemos, mas um homem que acredita estar fazendo o certo e o bem para Tebas e sua população. Representa o dilema entre a lei do Estado e os laços do sangue. Está sendo um desafio interpretar esse personagem que é muito diferente de mim e o processo de sua construção vem sendo muito estimulante.
Por TNH1/Divulgação